Criptomoedas têm se popularizado e valorizado diante de moedas tradicionais, mas ainda representam investimento incerto, segundo especialista.
Acontece um ciberataque mundial e o resgate é pedido em que? Bitcoin. Surge uma polêmica com bilhões de dólares sendo levantados em poucos meses e qual é o motivo? Bitcoin também. Ou melhor: Ethereum.
Criptomoedas têm se popularizado e valorizado diante de moedas tradicionais, mas ainda representam investimento incerto, segundo especialista.
Acontece um ciberataque mundial e o resgate é pedido em que? Bitcoin. Surge uma polêmica com bilhões de dólares sendo levantados em poucos meses e qual é o motivo? Bitcoin também. Ou melhor: Ethereum.
Cada vez mais tem se falado dessas palavras sofisticadas, bonitas no papel, mas que carregam um significado bastante abstrato.
O G1 responde algumas perguntas em torno delas, as tais das moedas virtuais. E que seguem batendo recordes de cotação em comparação com moedas tradicionais como o dólar e o euro.
O que é Bitcoin e Ethereum?
Bitcoin e Ethereum são as duas moedas virtuais (ou digitais, ou criptomoedas) mais populares de hoje em dia.
O Bitcoin foi criado em 2008 e é a primeira moeda com sucesso a usar criptografia. Essa tecnologia de segurança embaralha os dados para protegê-los e, no caso do Bitcoin, é usada para manter as transações seguras e ocultas, dificultando ou inviabilizando a regulação financeira.
Já o Ethereum é o filho mais novo, com propriedades parecidas. Lançado em agosto de 2014, ele permaneceu como só mais uma moeda digital até o início de 2017, quando sua cotação cresceu 4.250%.
As moedas virtuais não são emitidas pelo Banco Central de nenhum país. O responsável por sua “criação” é um programa de computador central e complexo, que vamos explicar mais adiante.
Moeda virtual, digital e criptomoeda são a mesma coisa?
Basicamente sim. Criptomoeda é o nome técnico empregado por conta do uso da criptografia. Enquanto que moeda virtual e/ou digital são sinônimos que aludem ao seu caráter “invisível” e atrelado à internet.
Como usar?
Para começar a usar Bitcoin, você precisa instalar um software em seu computador ou smartphone e seguir as instruções para criar seu par de chaves criptográficas. Isso lhe dará um “endereço Bitcoin”, que funciona como um número de conta corrente.
Em seguida, você adquire moedas em “agências de câmbio” específicas e fornece seu endereço para recebimento. As moedas são pagas com o dinheiro que você está acostumado, usando boleto ou cartão de crédito. Veja aqui todo o caminho de uma transação com Bitcoin.
Como funciona?
Cada usuário armazena seus Bitcoins em uma carteira digital. As transações acontecem quando o software que gerencia a carteira do comprador, por exemplo, identifica a carteira do vendedor por meio do tal do “endereço Bitcoin”. A transação dura cerca de 10 minutos e só é completada em um processo bem “cabeçudo”.
Todas as transações em Bitcoin são reunidas em blocos. Cada bloco é ligado ao anterior com o uso de um código chamado “hash”. Juntos, eles formam uma “corrente de blocos”, ou “blockchain”.
O responsável pela montagem da “blockchain” é o minerador. Esse cara agrupa as transações que estão sendo propagadas na rede, mas que ainda não foram inclusas em um bloco já conectado à corrente, e as valida na rede.
A grande sacada é que o minerador precisa calcular o “hash” certo para formar a ligação entre os blocos. E isso, na verdade, é uma loteria.
Cada “aposta” nessa loteria tem um custo computacional bastante grande. É por isso que computadores domésticos comuns não têm chance de competir com os mineradores profissionais, que fazem uso de supermáquinas para conseguir o maior número de tentativas no menor período de tempo.
Por “ganhar” a loteria e ajudar a rede a manter a ordem, o minerador fica com uma certa quantia de Bitcoin e o que ficou de “troco” das transações daquele bloco.
Ou seja, embora, por sorte, você possa conseguir acertar o número, na prática há pessoas que estão em grande vantagem porque podem tentar muitas vezes mais que você – eles estão fazendo um bolão, e você está com a aposta mínima, por assim dizer.
É ilegal?
As moedas virtuais ainda enfrentam questões em torno da sua regulamentação. Alguns países se mostram favoráveis ao seu uso, como Reino Unido e Estados Unidos. Outros, como a Bolívia e a Tailândia, proíbem algumas formas de transações financeiras com moedas que não são emitidas pelo governo.
É um mercado vantajoso?
Samy Dana responde: É interessante investir em Bitcoin?
Samy Dana, colunista do G1, diz que o investimento em Bitcoin é moderno, mas, apesar da valorização recente, ainda tem retorno incerto.
“Especialmente em tempos de instabilidade econômica e incertezas políticas, o risco é potencializado. Ou seja, trocar a renda fixa pela variável, nesse momento, sobretudo o Bitcoin, que é regido por um mercado internacional, aumenta de forma significativa suas chances de levar prejuízo”, ele conta.
“Do ponto de vista da segurança, apesar das ferramentas de criptografia disponíveis para proteger o patrimônio dos usuários, há o risco de roubo por hackers ou corrupção de dados por malwares. Apesar de ser conhecida como uma moeda virtual, ela não possui ainda as funções econômicas que uma moeda deve ter. Não podemos atribuir a ela a função de meio de pagamento porque o uso para esses fins ainda é muito pouco difundido e incipiente no mundo inteiro. Por sua oscilação, a função de reserva de valores fica comprometida em função da altíssima volatilidade”.
Pessoas realmente têm acumulado fortunas?
Quem comprou Bitcoin anos atrás certamente viu a valorização da moeda em algumas dezenas de vezes. Mas a grande polêmica atual sobre o assunto gira em torno do Ethereum e de outra palavrinha ingrata: ICO.
Usando esse método, empreendedores de moedas digitais levantaram US$ 2,16 bilhões no mundo todo só em 2017, de acordo com o site Cryptocompare, de análise de criptografia. Veja o que diz Altieres Rohr, colunista do G1:
As ICOs (“Initial Coin Offerings”, ou oferta inicial de moedas, em tradução) surgiram como um mecanismo para dar o pontapé inicial em novas criptomoedas usando um esquema de financiamento coletivo, ou “crowdfunding”.
Interessados depositavam moedas consagradas, como o Bitcoin, e recebiam em troca uma quantidade equivalente da nova moeda virtual que estava sendo criada. Isso garantia um interesse inicial no projeto para que a nova criptomoeda se destacasse das demais. Tudo era organizado em fóruns e comunidades especializadas.
O sistema foi amadurecido pelo Ethereum, ele próprio lançado com um ICO. O Ethereum funciona com um mecanismo padronizado para ICOs. Com ele, é possível emitir “ativos digitais” que se assemelham a títulos financeiros. Esses ativos são chamados de “tokens”, e possuir um “token” é uma prova de que alguém é financiador de um determinado projeto. Os tokens podem ser adquiridos com moedas Ethereum.
Diversos projetos foram lançados com a distribuição de “tokens”. O valor de cada um é determinado pelos próprios criadores do projeto, que também ficam responsáveis por formular o que cada comprador terá direito a receber – como direito de voto no projeto ou participação em lucros futuros, por exemplo.
O ICOs não podem ser comparados a ofertas de ações em bolsas de valores, pois não são regulamentados e nem sempre dão direito ao voto. Além disso, podem ser usados para financiar projetos específicos e não empresas como um todo.
Fonte: Tecnologia e Games | G1